terça-feira, fevereiro 01, 2005

Desenvolvimento do Conhecimento

Uma das muitas vantagens de tirar férias é que você lê apenas textos realmente interessantes. Eu, em hipótese alguma, pararia para ler uma bula de remédio, os livros do Sidney Sheldon ou aqueles artigos sobre o novo release do JSeiLáOQue. Mas uma edição da Continente Multicultural, gibis da Mônica e um caderno especial da Revista Escola chamaram minha atenção. Este último continha uma série de escritos rápidos sobre como o pensamento e práticas a respeito de ensinar se desenvolveram. Os textos iam de Skinner a Paulo Freire passando por Russeau e outros dos quais já ouvi falar na universidade, como Vygostky e Piaget.

Mas, como nerd em época de férias sempre arruma um jeito para ligar toda e qualquer coisa a computador, enquanto lia o texto sobre Comenius, lembrei de alguns trechos do livro sobre padrões de projetos do GoF. Comenius foi um dos primeiros a pensar na criação de “padrões” para a educação e em como se deve considerar o aspecto psicológico das crianças ao invés de apenas tratá-las como um repositorio de conhecimentos. Como era um pensador da época das colonizações, seus tratados tentavam ser tão universais quanto possível e, para universalizar, Comenius achou que deveria criar algumas restrições. Em particular, desenvolveu a tese de que todo o conhecimento da humanidade é estático. Era uma maneira inteligente de tratar com o desconhecido que tanto afligia aquela época e, mais do que isso, criar um sistema de educação que pudesse ser empregado em qualquer lugar, visto que o conhecimento estava completamente estabelecido.

Diferente disso, o livro do GoF traz alguns pontos contrários bem interessantes. Claro, boa parte deles se desenvolveu ao longo do tempo e não foram, acreditem, os caras do GoF que os criaram. Já na introdução o livro afirma que não catalogou todos os padrões e mostra como registrar novos, uma clara notação tanto de que outros padrões conhecidos podem ser catalogados quanto criados. Além disso, existe outro conceito bastante interessante, e agora não lembro exatamente se é algo dito nesse livro, de que modelagem de software sempre pode evoluir. Ou seja, em tese, é sempre possível melhorar o design de uma aplicação qualquer. Se é viável ou não é outra história.

Em sistemas pequenos pode ser difícil enxergar isso ou a regra pode simplesmente falhar. Mas, em sistemas mais complexos, e se levarmos em conta todo o ciclo de vida, fica fácil perceber que muito provavelmente melhorias podem ser feitas em algum ponto. O melhor deste tipo de pensamento - o conhecimento se desenvolve - como vieram a concluir outros pensadores posteriores a Comenius também retratados na revista, é a ampliação do próprio conhecimento e, no fim das contas, do estudo e aprendizado. Basta perceber que preciso parar de escrever besteira e ir ler a documentação do novo release do JSeiLáOQue.

valeuz...